quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Step by Step - Parte 2: Magyar – A magia de Budapest



O primeiro capítulo da nossa viagem terminou com o início da nossa primeira viagem de trem: de Vienna para Budapest. E que trem! Conforto, ar condicionado, wi-fi e restaurante que vende cerveja! Diferente do trem de passageiros da Vale no Brasil que não vende e nem permite o consumo de bebidas alcoólicas dentro dos carros. Pra acompanhar a cerveja (não tão gelada, como a maioria que se compra na Europa) comprei umas salsichas diferentes – afinal estávamos na Áustria – que vieram com uns tubos parecendo cola capeta, mas que na verdade eram mostarda e raiz forte. Este foi nosso almoço no trem. Uma pausa aqui: fiquei tentando encontrar palavras sinônimos para não repetir "trem". Mas é um desafio nível hard pedir um mineiro pra não falar ou usar a palavra trem. Haha


Ao chegar em Budapest, aquela antiga estação Keleti que me traz boas lembranças de quando me aventurei a ir sozinho pra Sérvia em 2012 e aquele metrô vintage (pra não falar outra coisa hehe) que nos levou até o hostel. Hostel, bar, balada, cortiço, caverna... Difícil encontrar o melhor nome para aquele local. Mas era bem peculiar, um party hostel chamado Retox. Teoricamente um hostel com 24 horas de festa em que te avisam no site que você provavelmente encontrará pessoas bêbadas e vomitando pelos cantos (e você poderá ser uma delas inclusive). Porém, ninguém aguentou acompanhar os brasileiros e nos mandaram dormir a certa altura da madrugada. Foi frustrante. Ainda assim, e apesar do péssimo banheiro, foi uma experiência interessante que recomendo.


E em Budapest tive o segundo reencontro da viagem: a doce Dorka veio nos encontrar no hostel trazendo uns deliciosos chocolatinhos com queijo que são bem típicos da Hungria. E falando em reencontros, um bem inesperado foi com o Vilsão e outros brasileiros da AIESEC na Ponte Verde, a minha preferida da capital húngara. Muito legal a iniciativa de fechá-la 1 domingo no mês para que as pessoas possam utilizá-la como espaço público que é. E que sorte estar lá nesse domingo.


Depois de beber um bom vinho branco húngaro comprado pela Dorka, fomos andando até a famosa praça Ferenciek tere. De lá, fomos para o incrível Szimpla. No meio do caminho, uma parada para jantar uma comida típica húngara em um restaurante aparentemente húngaro. Aí veio o segundo golpe da viagem. Não que o goulash que comi e o lángos que o Hugo comeu estivessem ruins (mas bom também não estavam rsrs), mas o atendimento foi péssimo! E não era um lugar pega turista porque era tudo escrito em húngaro e só tinham húngaros lá. Ao sair lemos a placa da entrada: comida pobre, serviço lento e pessoal rude. Sim! Revoltados fomos pro Szimpla. Lá foi tudo bom: o vinho, a cerveja, o narguilé, a música, o ambiente... Que lugar!


No dia seguinte fomos turistar um pouco. Decidimos ir ao Mercado Municipal de Budapest. Eu sempre gosto de conhecer os mercados locais e acho que é a melhor forma de conhecer e viver um pouco da cultura do lugar. E o mercado de Budapest é incrível. Um prédio antigo, charmoso e coisas maravilhosas lá dentro. Desde comida até artesanato. E quanta comida! Tanto que decidimos almoçar por lá mesmo. E foi engraçado porque escolhemos o restaurante mais top (e claro que o mais caro) e quando perguntamos pra recepcionista como que era o esquema e o preço ela só disse “é caro, muito caro”. Acho que não nos queriam lá, mas ofensores que somos, foi lá mesmo que ficamos. E comemos bem, pagando caro: o equivalente a 40 reais (muita comida e bebida). Sério, aquele lugar (Budapest) é ridiculamente barato.


Depois, pesados de tanto comer, fomos andar, como de costume em Budapest. Fomos a pé até o Castelo em Buda (até lá em cima mesmo, passando por altos atalhos íngremes). Matei a saudade dos meus amigos corvos e descemos pra voltar pro hostel. De Budapest, encararíamos um trem noturno e viajaríamos por 14 horas para chegar em Brasov, na Romênia. Bons brasileiros e farofeiros que somos, nos preparamos para a viagem comprando vinhos húngaros - que são incrivelmente bons e baratos – e comidinhas estranhas tipo uns salames, uns molhos também em tubos de pasta de dente e um patê esquisito que só descobriríamos mais tarde o sabor.

To be continued...

E a música deste episódio é para homenagear este incrível meio de transporte com o qual chegamos e saímos de Budapest: a coisa, quer dizer, o trem. Hehe

Almir Sater - Trem do Pantanal


sábado, 5 de agosto de 2017

Step by Step – Parte 1: A saga para chegar ao velho continente e as primeiras impressões


6 países, 11 cidades, 16 dias. Parece corrido, parece loucura. Mas o louco não parece bem mais interessante que o normal? E como já dizia o grande poeta Cazuza, o tempo não para e a gente ainda passa correndo. O tempo, aquele que por vezes foi suficiente, outras vezes curto e, por que não, também até demasiado. Ouvimos muito de muita gente que o ideal é visitar no máximo não sei quantas cidades e ficar não sei quantos dias em cada. Mas não existe viagem certa. Existe propósito, existe objetivo. E isso é pessoal. O nosso, desde o início, era estar em movimento, conhecer e descobrir. 


Eu comecei minha viagem cedo, saindo de BH, Aeroporto de Confins, para o Aeroporto de Viracopos em Campinas. Cheguei por volta de meio dia e o Hugo, que tinha pegado ônibus em São Paulo, já estava lá. Nosso voo, comprado pela TAP, mas que seria operado pela Azul (só descobrimos isso depois), sairia às 17h e logo na chegada já vi a informação de que atrasaria 2 horas (ainda era meio dia!). Fiz as contas e infelizmente perderíamos nossa conexão em Lisboa para Vienna. Depois de encarar uma fila gigantesca e demorada para realizar o check-in (pois a Azul não o faz online para voos internacionais), chegou nossa vez. Ao questionar o motivo do atraso e o que fazer com a conexão, nos disseram que ao fazer a manutenção da aeronave, precisaram trocar uma peça que estava ainda para chegar, e que todas as conexões já tinham sido realocadas. No entanto, ao tentarem fazer nosso novo check-in de Lisboa para Vienna, não conseguiram, pois eu já o havia feito online (porque a TAP conhece a tecnologia). Cancelei o check-in pelo meu celular e, depois de horas e 3 funcionários da Azul tentando concluir o novo check-in, finalmente nos deram um bilhete dizendo que era o novo voo, à tarde, nos fazendo perder todo o dia com nossa amiga God em Vienna.


O voo de Campinas para Lisboa foi péssimo. Avião pequeno e desconfortável, comida ruim e cerveja BA-VÁ-RIA! Sim. Eu não sei o que acontece comigo em voos, mas quando fui pra Itália em 2012 pela TAP, serviram Kaiser no avião. Aí estou indo pra Europa 5 anos depois e me servem Bavária. E pra provar que nada estava tão ruim que não pudesse piorar, a TAP se superou ainda mais no voo da volta servindo Skol. A solução foi tomar aquele vinho parecido com Marcus James (eca) pra relaxar e tentar dormir um pouco. Já em Lisboa, quanta confusão. Eu quase apanhei quando falei alto que tinha razão do Brasil ser a bagunça que é, pois tinha sido colonizado por aquele povo. Filas enormes para tudo, banheiros sujos, atendentes mal educados... Até golpe (alô, Temer!) - o primeiro da viagem - sofremos lá. Para usufruir da nova lei de roaming gratuito na União Europeia, compramos um chip da Vodafone lá mesmo no aeroporto. Nos disseram que os 30 GB de dados válidos por 15 dias – que se chamava Internet Anywhere - poderiam ser utilizados em qualquer país do bloco econômico. Ao chegar na Áustria já não funcionava. E ao ligar na empresa fomos informados de que aquele plano não previa roaming e só funcionava mesmo em Portugal (anywhere, desde que seja em Portugal, piada pronta mesmo). Devo ser justo pelo menos com a atendente do balcão da TAP que foi muito solícita e ao verificar nossos dados descobriu que o pessoal da Azul em Campinas havia feito check-in mais uma vez para o voo da manhã que não chegaríamos a tempo. Ela conseguiu fazer nosso check-in no voo da tarde e graças a isto pudemos embarcar.


Chegando em Vienna, aí sim país de primeiro mundo. E, como da outra vez que fui lá, fria e cinza, mesmo que fosse verão. E ainda chovia. Pegamos um ônibus do aeroporto direto para a estação de trem Westbahnhof, que era bem ao lado do hostel Wombats The Lounge que reservamos. No caminho percebemos que todos os trams (espécie de bonde) públicos da cidade ostentavam bandeirinhas LGBT, em sinal de apoio e respeito ao amor em todas as suas formas. E, no hostel, reencontramos a querida Ana Good God e, é claro que não era a única brasileira. Já na primeira cidade, um brasileiro aleatório. Além de brasileiro, mineiro e cruzeirense! Essa primeira passagem por Vienna foi bem rápida. Fomos tomar uma cerveja no bar do hostel – muito bom por sinal – e chamaram nossa atenção (vergonha!) por ter levado uma catuaba pro casal de havaianos que conhecemos experimentar. Mas pensa: havaianos (que não usavam aquelas roupas do É o Tchan e nem dançavam ula ula) bebendo catuçaí na Áustria! Valeu o carão. Depois fomos comer um Schnitzel em um lugar bem peculiar que uns italianos jogavam jogos de tabuleiro. E, é claro, acabamos a primeira noite na balada. A mesma festa, em duas baladas diferentes na mesma rua e que você podia transitar entre uma e outra. Uma era uma espécie de Revista Viva feat. Alambique e a outra era tipo Fifty feat. Chalezinho. Nenhuma aceitava cartão e já gastamos uma boa quantia de euro em cash.


No dia seguinte partiríamos cedo para Budapest. Antes, um café da manhã em um quase típico café de Vienna, mas que era de italianos, e servia um bom croissant. Em seguida, a saga para pegar o trem. O trem para Budapest não passava na estação Westbahnhof conforme eu tinha visto no site DB. Tivemos que pegar o metrô e ir para a estação central, Houptbahnhof, onde finalmente embarcamos rumo à Budapest.

To be continued...

E a música de hoje é de todo dia. Porque a viagem foi tal qual um carnaval. Aliás, viver um eterno carnaval é uma forma mais leve de encarar a vida. Ressuscita! 

Pabllo Vittar - Todo Dia



sábado, 10 de junho de 2017

Despachados: Hello, Balkans!


Agosto de 2013. Foram as últimas férias que tive, quando passei o mês na Rússia, em um projeto da AIESEC. Depois disso voltei ao Brasil, retomei os estudos, consegui meu primeiro emprego, me formei e não parei mais de trabalhar. Em quase 4 anos, 3 contratos de trabalho diferentes. Eis que, finalmente, poderei tirar férias e não poderia escolher outro destino: meu querido velho continente. Mais especificamente a parte leste, os fascinantes balkans. E terei o prazer de uma companhia muito especial nessa viagem: meu amigo inseparável Hugo, o Guinho.


Já falávamos em uma viagem de férias juntos há muito tempo. Seria no ano passado, mas como não pude tirar férias, o Hugo foi sozinho fazer mochilão na América do Sul. No fim do ano passado retomamos o planejamento e a partir daí foram incontáveis "reuniões" no Skype à noite para detalhar o planejamento. Definimos um período e roteiro inicial e começamos a monitorar passagens aereas. Perdemos uma oportunidade incrível de comprar São Paulo - Milão pela Iberia por R$ 2400, pois ainda não tínhamos programado férias no trabalho. Quando, finalmente, o fizemos, o melhor que conseguimos foi R$ 2900 de São Paulo pra Vienna pela TAP. Uma vantagem boa da TAP é que se pode pagar em 10 vezes. Quando compramos as passagens foi que a ficha caiu: sem or, iríamos mesmo fazer a tão sonhada viagem.

Sabendo o período e pontos de chegada e partida exatos, começamos a revisar e refinar o roteiro. Temos uma planilha colaborativa no Google Drive com todos os detalhes de transporte e hospedagem para cada trecho. Falando em transporte, vamos pegar avião, trem, carro/ônibus e BARCO! Esse último será um desafio pessoal encarar. Mas vamos lá, pois dizem que a ilha croata Hvar compensa qualquer esforço. Sobre a hospedagem, vamos ficar, na maior parte do tempo, em hostels. Escolhemos com muita pesquisa, principalmente nos sites Tripadvisor e Hostelworld. Sempre dando preferência para hostels mais agitados e com ambiente jovem e propício pra conhecer gente do mundo todo. Dormir pra que se nunca mais eu vou dormir? Chegamos, inclusive, a cancelar duas reservas, pois encontramos hostels mais interessantes depois e preferimos trocar. Algumas noites vamos "ganhar" viajando em trens noturnos. Ganha tempo e economiza a grana da hospedagem.

Tá bom, mas e o roteiro??? Depois de muitas conversas, alterações, pesquisas, alterações, consultas a amigos e mais alterações, chegamos a uma definição que inclui Áustria, Hungria, Romênia, Sérvia, Croácia e Itália. Isso tudo em 15 dias. Parece loucura né? Mas menos louco se pensar que inicialmente queríamos incluir também Bulgária e Bósnia. Mas a ideia é não parar mesmo. Lembram-se dos meus lemas? "Keep going" e "Life on the go". Detalhando melhor o roteiro:

  • Chegada a Vienna (Áustria) dia 17/06: avião de Campinas (escala em Lisboa)
  • De Vienna para Budapest (Hungria) dia 18/06: trem
  • De Budapest para Brasov (Romênia) dia 19/06: trem noturno
  • De Brasov para Sighsoara (Romênia) dia 21/06: trem
  • De Sighsoara para Timisoara (Romênia) dia 21/06: trem noturno
  • De Timisoara para Belgrado (Sérvia) dia 22/06: trem
  • De Belgrado para Hvar (Croácia) dia 26/06: de avião até Split e de barco de lá até Hvar.
  • De Hvar para Torino (Itália) dia 29/06: de barco até Split, de avião até Milão e de ônibus até Torino.
  • De Torino para Veneza dia 01/07: trem
  • De Veneza para Vienna dia 01/07: trem noturno
  • Retorno de Vienna ao Brasil dia 02/07: avião até São Paulo (escala em Lisboa)

Mas Itália não é no leste e muito menos balkans! Ah! Você achou mesmo que eu iria à Europa e não daria uma esticadinha em Torino para rever minha cidade e os amigos? Fechar o roteiro com chave de ouro, sendo hospedado pelo grande amigo Marcello e reencontrando o irmão Edoardo, a Mamma Merante e os queridos amigos Giu, Mattia, Dome e todos os outros! Ao longo do roteiro também terei o prazer de reencontrar pessoas muito queridas como a God (<3) em Vienna, a Reka e a Dorka em Budapest e o Nemanja em Belgrado.

Desse roteiro, apenas Croácia e Romênia serão novidade para mim. Eu e minha velha mania de repetir destinos. Mas, como já disse aqui inúmeras vezes, o que importa mais pra mim não é onde, mas sim com quem. Rever tanta gente especial e ainda ter a companhia e energia do Hugo ao longo do caminho será certamente um tempo divertido e inesquecível. Pouco ansioso que sou (mentira! Rsrs) eu mal posso esperar! Vamos desbravar os balkans e mostrar para aquela gente o que o Brasil tem de melhor! (Inclusive aquela minha playlist especial de funk pancadão que preparei haha)

E o tradicional vídeo de hoje é aquela música que certamente vamos ouvir em TODAS as festas que formos nessa viagem. Porque vai ter Despacito sim!

Luis Foni & Daddy Yankee (feat. Justin Bieber) - Despacito Remix




quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Life on the go - Especial Oktoberfest


1.176 km. Esta é a distância que que viajei neste último final de semana (apenas a ida). É a distância de Belo Horizonte até Blumenau, que é quase que irrisória se comparada aos 13.552 km de distância entre BH e Omsk, na Rússia, onde fiquei um mês. Para chegar a Omsk, saí de Torino de ônibus até Milano, onde peguei um avião até Moscou, com conexão em Praga. De Moscou, peguei o trem Transiberiana, onde viajei por 43 horas até, finalmente, chegar a Omsk. Várias cidades, vários fusos, várias horas de espera... Com exceção dos vários fusos e guardadas as devidas proporções, ir para Blumenau não foi tão diferente.

Não é novidade pra ninguém que viajar no Brasil é caro. Ir de avião direto para Joinville ou Navegantes (os aeroportos mais próximos à Blumenau) é ainda mais caro. Uma alternativa: Curitiba. Como tenho amigos em Curitiba, aproveito para fazer um ligeiro "stopover". Foi assim em 2014 e neste ano. Saí de casa às 9h da manhã para pegar um voo para São Paulo no aeroporto de Confins. Depois de quase morrer do coração com uma turbulência e arremetida, cheguei em São Paulo, onde esperei por quase 4 horas até pegar o segundo voo para Curitiba. Nesse tempo, cometi o erro de almoçar uma Pizza Hut, o que me lembrou porque eu odeio Pizza Hut (ou Pão Hut, porque aquilo não é massa de pizza). Detalhe: uma fatia de pizza/pão e um chop: 44 golpes. Outro detalhe: os dois voos da LATAM (em BH e SP) atrasaram. Cheguei na casa do meu amigo em Curitiba já era noite. Pra relaxar, um vinho e a primeira maravilha gastronômica do passeio: a sempre boa comida da Márcia, mãe do Rafa e do Lucas. Uma balada Curitibana, uma cochilada e logo cedo o ônibus pra Blumenau. 

É claro que todos aproveitaram a viagem para dormir. Exceto eu. Como sempre, não consigo dormir em transportes (carro, avião, etc.) - exceto quando tomo umas porque né? Quatro horas de viagem. Quatro horas lendo meu Dexter, ouvindo música, conversando no zap zap, pensando na morte da bezerra... Enfim, Blumenau. E aí a segunda maravilha gastronômica do passeio: comida típica alemã. Sempre vejo reações de espanto quando digo que a cozinha alemã é uma das minhas três preferidas - as outras são a mineira e a italiana, é claro. Faltariam-me palavras para explicar diante do buffet típico do restaurante Moinho do Vale, com muito chucrute, salsichas diversas, marreco recheado, pato e o meu querido eisbein (joelho de porco). Além da cerveja artesanal e fiel à lei da pureza para acompanhar. Barriga cheia, mais cerveja, desfile maravilhoso e... Nada de dormir. Mas pra que dormir? É tão perda de tempo, ainda mais com uma Vila Germânica lotada de fritz e fridas (especialmente os meus Burrões mais queridos) e com a Banda Cavalinho tocando. Sem contar a quarta maravilha gastronômica: cervejas artesanais locais e mais comida alemã. Espetinhos de salsichas e a famosa batata recheada daí! 

Após mais um cochilo rápido, outro ônibus, o da volta pra Curitiba. Mais 4 horas de luta contra e a favor do sono. Em Curitiba, um almoço rápido no Madero e a quarta maravilha gastronômica. Uma caneca de chop congelada e um hambúrguer (hambúrguer! Não lanche!!!) com quase 400 gr de carne mal passada e 37 fatias de bacon. Do Madero, praticamente direto para o aeroporto. Mais uma espera até o voo da Avianca, este pontual. Um outro quase infarto ouvindo o jogo do Cruzeiro x Vitória com penalti no fim, o streaming falhando na hora da cobrança e a aeromoça mandando desligar os celulares para decolar. Mas não infartei, não derrubei o avião e o Cruzeiro não tomou gol. De Curitiba a São Paulo, o avião mal tem tempo de subir e já tem que descer. E foi um pouso incrível, que depois meu amigo especialista no assunto Flavão explicou que é chamado "pouso manteiga" e não é seguro e nem recomendado. Mas tudo certo em Guarulhos, de onde fui direto para a minha quinta e última maravilha gastronômica do final de semana: a pizza veramente italiana da Pizzaria Leggera Pizza Napotelana, em São Paulo. Melhor pizza que comi fora da Itália e, inclusive, melhor que algumas que comi lá. E além do sabor incrível, é barato! Apenas 35 golpes uma pizza maravilhosa inteira só pra você. 

Depois da pizza, mais um breve cochilo em São Paulo, de onde saí na segunda-feira às 7h da manhã rumo à BH. E de BH, pra Betim trabalhar. Afinal, chi lavora, mangia. Tudo isso aconteceu em um final de semana. Pode ser cansativo (e é!), mas é gratificante e revigorante. Esses momentos de lazer, especialmente reencontrando amigos, me motivam e tornam a vida mais leve. E, enquanto eu tiver energia e condições, eu vou. Por que a vida é muito mais interessante no modo go

E a música de hoje reflete bem este sentimento. É da Banda Cavalinho, de Blumenau, minha preferida da Oktoberfest. Tem festa? Me chama que eu vou!

Banda Cavalinho - Tendo festa eu vou






quarta-feira, 13 de julho de 2016

Aquela velha roupa colorida



Às vezes me pego pensando em algumas palavras - ou temas - que me intrigam, perseguem. Outrora (e ainda agora) o tempo, hoje, a mudança. Conectados, porém esparsos. A vida é uma eterna e persistente mudança. Que bom (e que ruim) né? Seria muito monótono e chato se não o fosse. Sem mudança não há crescimento. Mas mudanças são também rupturas. Abandonar o velho para dar lugar ao novo. E isso às vezes dói. Principalmente quando é forçado, inesperado. É como se ninguém nunca estivesse pronto. E nunca estará mesmo.

Minha vida é circundada por mudanças. Geográficas, físicas, espirituais, psicológicas, pessoais, profissionais... Cada mudança, por mais que desejada (como a Itália, por exemplo) foi um desafio pessoal e cada um deixou dois principais legados: o crescimento e a saudade. O crescimento, pois uma cabeça que se abre, jamais retornará ao tamanho original. E a saudade. Ah a saudade... É tão difícil se desprender do passado e aceitar que algo acabou. Mas se nada acabasse, nada de novo começaria. E sempre vem algo de novo, algo de bom. Cada fase é importante, cada fase é inesquecível e, por que não, eterna. O famoso "eterno enquanto dure".

Mudar é abdicar. Quero roupas novas, mas não quero abdicar das velhas que trazem tantas recordações. Quero amizades novas, mas não quero abdicar de nenhum círculo social e seus eventos. Quero um amor novo, mas não quero abdicar das aventuras e da liberdade. Quero um trabalho novo, mas não quero deixar minha estabilidade. Quero morar no exterior, mas não quero deixar o Brasil. Aí, entre escolhas e renúncias, você vê que chega um momento em que não cabe. E não são só as roupas que não cabem mais no seu guarda-roupas - ou em você -, nem as recordações nas caixas - ou em sua memória. Não cabem mais pessoas. Não cabem mais alguns conceitos. Não cabe mais você.

Aí você percebe que, para continuar, precisa mudar, renovar. Precisa deixar o que é velho e não te cabe para trás. E você muda. Muda, cresce, reinventa. Rejuvenesce. E nesse ciclo infinito de mudanças, você vai ficando traquejado, calejado. Ainda assim, você nunca estará preparado. E mesmo não preparado, saberá reconhecer o momento de mudar novamente. O mais importante, é enfrentar a mudança e olhar pra frente, com a certeza de que algo bom vem de novo. Às vezes melhor. No mínimo, acalento.

Meu compositor e cantor preferido - Belchior - cantou sensatamente: "O que há algum tempo era jovem, novo, hoje é antigo. E precisamos todos rejuvenescer". Então, hoje, esta bela canção, que prefiro chamar de inspiração. Porque, no presente, o corpo, a mente, é diferente. E o passado é uma roupa velha, que já não nos serve mais.

Belchior - Velha Roupa Colorida


sexta-feira, 4 de março de 2016

Peguei meus trem e fui viajar de coisa



Começo o texto com a piadinha infame sobre o "dialeto mineirês". Pra mineiro, tudo é trem. Dizem que, certa vez, o mineirim estava na estação esperando o trem pra ir passar suas férias no litoral capixaba (Guaraparis, é claro). Quando aquele bichão enorme se aproximava fazendo "piuí piuí", o caboclo virô pra muié e disse: Ô muié, junta os trem que a coisa invém. Pois então, fui andar de coisa pela primeira vez em Minas Gerais.

Há algum tempo que já tinha essa ideia de ir para Virginópolis (caputi mundi, a terrinha) de trem. Mas como? O trem de passageiros da Vale que faz o trecho Belo Horizonte-Vitória passa pelo Vale do Rio Doce e identifiquei a estação mais próxima de Virginópolis: Frederico Sellow em Cachoeira Escura (distrito de Belo Oriente). De lá até a terrinha são 80 km e muitas curvas, em tempo, aproximadamente 1 hora. Quando meu amigo italiano Mattia resolveu vir pra Minas, passar o natal com a gente em Virginópolis, vi como oportunidade perfeita para fazer esta viagem. Uma amiga goiana também acenou com a possibilidade de vir. Não pestanejei e comprei os bilhetes.

Pra ida comprei classe econômica (executiva já estava esgotada) e pra volta consegui executiva. Aí que percebi: comprei a "volta" como Belo Horizonte-Belo Oriente novamente. Mas por que raios uma cidade tem que chamar Belo Oriente? Para cancelar tive que ligar no "Alô Ferrovia" e ficar uns bons duns minutos confirmando todos os dados das passagens, mesmo tendo informado o localizador. Mas consegui cancelar e por sorte consegui a volta (desta vez correta) ainda em classe executiva. No fim das contas, minha amiga goiana não veio e uma amiga conterrânea quis pegar as passagens. Fizemos o trato e, como bom brasileiros que somos, deixamos a troca de titularidade dos bilhetes pra última hora. Mas eu imaginava que seria um procedimento simples pela internet ou pelo telefone. Doce ilusão. Mais dor de cabeça, informações desencontradas, atendimento péssimo e quase que minha amiga não pôde embarcar. Mas, no fim, o jeitinho brasileiro resolveu tudo e embarcamos.

Tirando o amadorismo que gera estresse, se bem planejada (dependendo o menos possível da Vale, além de que da própria viagem) a viagem compensa. É muito barato - paguei R$ 32,00 a ida em classe econômica e R$ 56,00 a volta em classe executiva. Se fosse de ônibus seria mais de R$ 80,00 um trecho. É confortável - ar condicionado, serviço de bordo (cobrado a parte) e tomadas para carregar celular e notebook mesmo na classe econômica e as poltronas da classe executiva são bem largas e macias. Além de que não balança como ônibus. É seguro - você não fica preocupado com acidentes, especialmente naquela 381 terrível. Não consegui dormir por preocupação com as malas. Se roubam até na Itália e Alemanha, no Brasil... É pontual - exceto atrasos em minutos por causa de embarque e desembarque, se não acontecer algum problema com o trem ou a linha, você sabe que vai chegar no horário (ou próximo dele). Não tem que contar com o congestionamento e com a sorte. É bonito - as paisagens mineiras são belíssimas e você pode apreciá-las. Serras, matas virgens, fazendas, e o rio que um dia foi doce. Essa foi uma parte triste da viagem, ver o que fizeram com o nosso Rio Doce. Ah! Tem também os eucaliptos que dominam (e enfeiam) a nossa paisagem ao aproximar-se de Belo Oriente.

Para quem mora em cidades onde o trem passa ou com estação muito próxima, não tem nem discussão: o trem é a melhor opção. Para quem precisa ir um pouco mais longe das estações, ainda assim pode valer a pena. Por exemplo, levei 5 horas e meia até Cachoeira Escura e mais 1 hora até Virginópolis - 6 horas e meia no total. Com essas obras na 381, juntamente com o congestionamento tradicional de feriados, chega-se a levar 7, 8 horas para ir de BH a Virginópolis e região. Vale a pena, se planejar com antecedência. As passagens se esgotam muito rápido em épocas de feriados. E se comprar pela internet, tem que trocar o voucher pela passagem antes de embarcar. E a quem se interessar, tem um taxista muito simpático (e de sotaque extremamente forte) que faz a viagem de Cachoeira Escura até Virginópolis por R$ 150,00. Se forem 4 pessoas pra dividir, ainda sai mais barato que o Saritur de BH pra VGP.

Enfim, valeu como experiência. E pra matar a saudade de andar de trem. Nós, brasileiros, temos mania de valorizar só o que é de fora. Não vou comparar as paisagens de Minas e do seu Vale do Rio Doce, com as da Toscana e seus campos de girassol, porque simplesmente não dá. Cada uma tem sua beleza, sua história. Vão me acusar de bairrismo, mas, cada vez mais, concordo com o hino: quem te conhece não esquece jamais. Oh Minas Gerais! Fiquem com esta bela (e muito verdadeira) canção e as mais belas ainda imagens dessa terrinha inigualável.

Renato Teixeira - Oh Minas Gerais


terça-feira, 27 de outubro de 2015

O tempo, o vinho, a vida



Tem quase um ano que não venho aqui escrever. Vim outras vezes para viajar (sempre) nos meus textos e memórias, mas a última postagem foi em novembro do ano passado. Bom, não sei o que me inspirou a escrever hoje. Talvez seja a chuva, que tem sido tão rara que quando cai traz lembranças, pode ter sido o aniversário da minha querida Naty, ou talvez seja apenas uma daquelas ondas de nostalgia que inspira. Nostalgia... Acho que não. Minha inspiração hoje não vem só do passado, mas perpassa presente e futuro. Aliás, acho que encontrei o grande responsável pela inspiração (e também transpiração): o tempo. Mais uma vez ele. E quem me conhece, sabe da relação íntima, intensa e complexa que temos.

Há 3 anos eu estava em Torino, no meu segundo mês de intercâmbio, ainda naqueles primeiros 3 meses mais pesados. Há 2 anos, eu não tinha 2 meses no Brasil após o retorno e estava recomeçando na Axxiom, de onde eu tinha saído pouco antes de ir para a Itália. E, há um ano, eu estava completando quase 1 mês de formado e de Fiat. Por ironia do destino (ou não), quando retornei da Itália, me perguntaram quais eram meus planos para o futuro. Respondi: formar-me e trabalhar na Fiat. Talvez eu pudesse ter dito naquele momento: formar-me, trabalhar na Fiat e ganhar na loteria. Mas este último, deixo a cargo daquela sorte "incontrolável", até porque não costumo jogar (que seria o máximo que eu poderia fazer pra ganhar na loteria). Já os dois primeiros, podem ter sido sorte. Mas uma sorte que costumo dizer que é a união da oportunidade com a competência. Hoje estou realizado, assim como eu estava em 2014, na Axxiom, e em 2013, na Itália, e em 2012, no Brasil e no CEFET... No entanto, por mais que, no presente, eu esteja realizado, e que tenha uma expectativa boa de futuro, eu sempre sinto falta do passado. E esse é meu dilema com o tempo. 

O tempo deve ser o maior agente da vida. Ele não faz nada sozinho, mas nada acontece sem ele. Uma vez, os grandes (sim! Eu acho!) Gino & Geno escreveram em uma música "O tempo é o senhor de tudo, e tudo depende do tempo". E é isso. Pode parecer crise dos 27 anos (ainda recém completos). Aquela famosa sabe? E vários cantores famoso morreram aos 27. Eu sei que a Amy foi uma delas. Mas, ainda que eu tenha tido meu auge musical escrevendo Pinga com Maçã e O Homem Bomba, não sou músico e não me sinto ameaçado. Até porque travo esta interminável batalha com o tempo há longos anos. É como se eu quisesse aquele controle do Click, sabe? Poder voltar onde e quando eu quiser, mas jamais viver no automático. Se no modo normal já é difícil ter controle, imagina acelerando? E, por mais que Vinícius e Toquinho estivessem certos, e que o futuro seja uma astronave que não podemo pilotar, algum controle é sempre possível e necessário. Do contrário, estaríamos todos perdidos em uma ilha de Lost sem sentido e sem futuro algum.

Independente do tempo ou de qualquer outro agente, o sentido da vida é buscar o único sentimento fim: a felicidade. Todos os outros são meio, são caminhos. E aprendi, a duras penas, que felicidade não pode ser definida nem tampouco julgada. Não é algo que está no script como um filme. Felicidade é pessoal. E não tem nada mais triste que passar pela vida sendo infeliz. Por mais que felicidade não seja um sentimento perene, ela é quem faz o tempo valer a pena e deve ser buscada a cada momento. Sabe o vinho? Ele não está aí na foto por causa do tempo e sua característica de melhorar ao envelhecer. Ele está aí, pois, ao envelhecer demais e de forma inadequada, sem ser apreciado no tempo, o vinho tinto perde a cor e fica mais claro, já o vinho branco vai ganhando cor e ficando mais escuro. No final da vida, já perdido, não é possível saber se aquele vinho foi tinto ou branco. Não importa sua origem ou seu caminho, no final, somos todos iguais. Exceto pelo que levamos de história e sentimentos. E, se perdermos tempo, nos perdemos.  

E a música de hoje será, obviamente, uma sobre o tempo. O próprio título já diz tudo: Tempo Perdido. Mas o mais fantástico na letra dessa música é a transformação de "temos todo tempo do mundo" para "não temos tempo a perder" e, finalmente, "temos nosso próprio tempo".

Legião Urbana - Tempo Perdido